26 de nov. de 2017

FAZENDO UM BALANÇO

Hoje faz um ano que estou longe dos meus. Um ano que abri mão de uma vida inteira, exercício literal do desapego, começar do zero!

Levamos 30 anos para construir e alguns meses para desconstruir. No momento que surgiu a oportunidade de explorarmos novos horizontes, a decisão não foi muito difícil pelo quadro existente no Brasil nos últimos anos, seria tudo ou nada. Pesamos os prós e os contras, de um lado a separação da família e amigos e do outro a possibilidade de uma vida mais tranquila, mais justa e digna.

Viver em Portugal nada tem do glamour que todos pensam ser viver na Europa, é um país bonito, temos mais segurança, saúde pública de melhor qualidade (comparado ao Brasil, tá?), custo de vida baixo, preconceito e falta de emprego.
 
Ser brasileiro fora do Brasil é um risco, pois nossa fama não é lá das melhores, também pudera né? Outro fator que pega é a idade, por mais qualificado e invejável que seja seu currículo... Dane-se, você é velho! Ok, a possibilidade de não se conseguir um excelente emprego foi cogitada na hora da decisão e viemos cientes de que talvez tivéssemos que nos submeter a empregos bem inferiores, afinal que mal teria se o custo de vida é baixo, vâmbora!

Só não digo estar arrependida, pois no Brasil a situação também não estaria melhor, aí vem àquela velha história de... Nunca se arrependa das decisões que tomou! Ledo engano, o sapato aperta, o coração bate descompassado, a saúde lembra que não somos mais tão jovens afinal somos de carne, osso e sentimento. Como éramos muito mais felizes na juventude!

Escolha difícil e confesso, muito dura de ser suportada. Não sou tão forte como um dia pensei ser, filhos criados para o mundo... Pelo mundo! Eu e meu parceiro de uma vida inteira vivendo o desconhecido e descobrindo a cada amanhecer nossos próprios limites.

Portugal valeu pelos lugares que tivemos oportunidade de conhecer, pela busca das raízes da Família Lopes e por uma nova e grande amiga que Deus colocou em nosso caminho. O resto? Espero um dia poder olhar para trás e pensar... Foi melhor assim!

Saudade da história que há um ano eu desapeguei!



6 de mar. de 2017

SER MÃE!

Tenho refletido muito sobre minha vida nos últimos meses e entre minhas reflexões estão meus filhos.

Desde menina meu desejo maior era ter filhos, sonho enorme e Deus permitiu que eu trouxesse ao mundo meus meninos. Temperamentos diferentes, ele foi o filho tão sonhado, o primeiro seria homem, levado, inteligente, companheiro e destas previsões, levado ele não foi kkkkk!

Em seguida, seguidinha, o segundo sonho... A Dá, minha princesinha! <3 Nosso vínculo é algo que ultrapassa o entendimento de qualquer ser que vive nesta dimensão, mas percorremos um difícil caminho de afeto e compreensão para sermos o que somos hoje. Fui escolhida pelos dois, por merecimento, resgate, talvez dívidas de vidas passadas, quem sabe?

A decisão mais acertada da minha vida, mesmo depois de criados e levando suas vidas, respiro meus filhos 24 horas por dia, sinto saudade, aperto no peito já é sinal de que algo está errado, é batata! Mexe com minha cria para conhecer o tamanho da minha ira!

O aplicativo chamado “sexto sentido materno” não falha, quem dera eles nos ouvissem um pouquinho mais, não é mesmo? Mas com seus acertos e erros, um dia passarão por esta experiência mágica também.

Amor que chega a doer de tão grande, insubstituível, imensurável, inimaginável, eterno!
Morro de saudades!

30 de jan. de 2017

Coragem e Esperança



Depois de ler alguns depoimentos, resolvi compartilhar também nossa história.

Sobre nossa decisão de sair do Brasil!  Começou com o início de nossa vida em comum na Lapa, em São Paulo. Foi assim, em 1986 decidimos num ímpeto, juntar nossos travesseiros e não houve o que habitualmente os casais faziam... Noivado, chá de panela, casamento, planejamento... Simplesmente vamos morar juntos e ponto final.


Começamos com alguns pratos e talheres emprestados e um apartamento alugado mobiliado; ele músico na noite paulistana e eu bancária. Aos poucos, fomos equipando nossa casa, adquirindo nosso carro e etc. Mas após 3 meses juntos, também sem planejamento, engravidei! Como éramos inexperientes e loucos!
Depois do nascimento do nosso primeiro filho, meu marido resolveu abandonar a música e se dedicar a carreira que havia estudado na adolescência no SENAI... Projetista!
Com isso prestou vestibular e foi estudar Engenharia. Ele pensava: “Vou estudar, me aperfeiçoar para dar ao meu filho e à minha família um futuro digno e uma vida tranquila”.

E não me estendendo nessa parte de nossa história, o resumo é que estudou, formou-se Engenheiro Mecânico e Civil, pós graduado e com mestrado no IPT, título buscado por muitos profissionais.

Tívemos mais uma filha, os dois hoje são nosso orgulho! Quando foi em 2002, meu marido já tinha um cargo pomposo, Diretor numa multinacional e eu ppude parar de trabalhar fora para me dedicar inteiramente aos cuidados com nossos filhos. Enfim, conseguimos comprar nosso terreno para a construção da casa dos sonhos. Nesta época resolvemos que abrir o próprio negócio seria mais vantajoso, levando em conta que queríamos uma vida mais tranquila e usar à nosso favor aquilo que enchia o bolso do patrão dele, seu grande “Know How”!

Foi aí que nossos sonhos desmoronaram, em 2003 um governo corrupto e pseudo favorável aos mais necessitados tomou o poder em nosso país. O negócio recém aberto ia de mal à pior, apenas as grandes construtoras tinham oportunidades num Brasil onde os poderosos reinam. O tal “Know How” de nada servia!

Aos poucos fomos perdendo o  pouco que havíamos conquistado, principalmente nosso imóvel e de volta ao mercado de trabalho, meu marido não conseguia uma colocação pois era muito qualificado, sim... MUITO QUALIFICADO!
No fim foi obrigado a aceitar um cargo com um salário bem abaixo de sua qualificação e eu continuei de casa tocando pequenos projetos de nossa empresa o que ajudava em nossa sobrevivência.

Nossos filhos chegaram na fase universitária, fizemos das tripas coração para que concluíssem seus cursos, ele Arquitetura e ela Veterinária. Ambos se formaram em 2014, meu filho nunca conseguiu depois de formado trabalhar em arquitetura, apenas estágios até se formar. Minha filha conseguiu uma vaga como Médica Veterinária, onde ganhava por mês menos do que pagamos a mensalidade de seu curso. Simplesmente “VERGONHOSO” enquanto Lulas e Eikes sem um curso superior ficam milionários às custas de brasileiros que ralam dia e noite por um  pedaço de pão!

O Luciano e a Monica (depoimento no vivendoportugalcontos.wordpress.com e onde também consta esta minha história)  foram felizes em seu depoimento, o que falta no Brasil é comprometimento!

Minha filha em 2015 cansou, juntou suas coisas e foi para Londres tentar ser feliz. Eu e meu marido desde 2003 quando as coisas começaram a ficar ruins tínhamos vontade de sair fora, eu tenho cidadania européia e a vontade de ir para a Grécia, terra da minha família, era muito grande. Mas aí a Grécia tinha entrado numa crise brava e nossa vontade ia ficando quietinha lá no seu canto.

Meu filho não conseguia emprego em arquitetura e dava aulas de inglês numa conhecida escola de idiomas, sua noiva também arquiteta, foi dispensada em 2016 e decidiram sair do país... Casaram e se mandaram para Dublin.

Ficamos nós dois, até que em agosto/2016 , meu marido entrou para o grupo dos 13 milhões de desempregados do Brasil, daquele emprego que havia conseguido lá atrás ganhando bem menos. E agora? Nada mais nos prendia no Brasil, nossos filhos tinham ido embora e nossos bens se resumiam apenas a mobília e dois carros. Nunca pensamos em Portugal, sempre pensamos em ir para perto de um de nossos dois filhos, mas aí meu marido se inscreveu para Doutorado na Universidade do Minho e mais do que depressa foi aprovado.

Foi demitido em agosto e em outubro estávamos partindo para Portugal. Foi Vapt-Vupt, como dizemos no Brasil, sem tempo para pensar ou pesar os prós e os contras. Naquele momento, qualquer coisa era melhor que o Brasil. Mas apesar de não termos mais nossos filhos, tínhamos nossos pets, 4 cães, 2 gatas e 1 jaboti e em momento nenhum cogitamos a idéia de deixá-los para trás! O jaboti decidimos deixar por causa do clima, é um animal de clima tropical e sofreria horrores com o frio europeu, então ele foi adotado por um amigo e hoje vive feliz. Mas os cães e gatas vieram comigo, todos no mesmo vôo, sim senhor e este episódio é digno de um depoimento apenas para ele!


Como tudo aconteceu no atropelo, meu marido veio em outubro e eu por causa da burocracia com os pets precisei aguardar até novembro e neste período enquanto ele aqui buscava moradia para nós em Portugal, eu no Brasil fiz um “Família Vende Tudo”, vendi cada parafuso, eletrodoméstico, móvel, roupas, carros, que é o que tem nos mantido em Portugal. Lembram que começamos em 1986 com pratos emprestados? Estamos cá em Portugal, ambos com mais de 50 anos, tomados de uma coragem inexplicável, começando de novo. Não tão do zero como em 86, porque fizemos um dinheirinho com o pouco que nos restou no Brasil, meu marido ainda não conseguiu uma colocação no mercado português, mas as chances são promissoras e nossos corações estão cheios de esperança  e certos de que fizemos a melhor escolha, hoje dormimos em paz.




Nossos filhos estão bem cada qual com sua luta, mas com muito mais perspectivas do que no Brasil, país que não oferece oportunidades e não respeita seu cidadão.



Aqui vivemos com menos, mas com muito mais qualidade de vida!

3 de jan. de 2016

Mais um ano!


Até aqui foram 52 anos muito bem vividos! Ousei, arrisquei, caí, me levantei, namorei muuuiiiitoooo, pari, eduquei, errei de novo, acertei, fiz amigos inesquecíveis e duradouros, também teve aqueles que decepcionaram, machucaram, feridas cicatrizaram e ainda tentam cicatrizar, novos amigos, família, trabalho, dedicação, amor e muita, muita persistência. Construí uma história e tenho orgulho dela, eu sou "Foda"!


Ainda tenho muito o que fazer e se Deus permitir, será especial, que venham os 53!

26 de set. de 2015

Um pouco mais de amor, por favor!

Nos últimos dias vivenciei um nova experiência, sempre procurei ajudar o próximo de alguma maneira, fiz várias doações em minha vida sem querer nada em troca. Mas desta vez foi diferente!

Iniciei uma campanha de doações aos refugiados sírios que estão chegando ao Brasil sem lenço e sem documento; vítimas de uma guerra civil impiedosa. Foi um trabalho de aproximadamente 10 dias, árduo, com uma repercussão e resultado surpreendentes.

Ouvi de tudo, críticas, cometários esdrúxulos e maldosos, mas ainda assim os anjos conspiraram à favor! Muitos ajudaram, desde roupas, calçados, mantimentos, produtos de higiene, cestas básicas, colchão, tv e eletrodomésticos.

Ainda existe amor no coração das pessoas apesar de tudo! Isto fez bem para alma, para o coração, conhecer a família da Marah, que recebeu as doações para serem distribuídas entre 30 famílias foi indescritível!

Quero aqui agradecer as pessoas que ficaram ao meu lado do início até a entrega e que ainda estão dispostos de comigo dar continuidade a este trabalho: Meu marido Ricardo, minha filha Daphny, minhas amigas Carol e Renata.

E que Deus olhe pelo nosso planeta que aos poucos está sendo destruído pela ganância e prepotência do ser humano!


12 de jun. de 2015

Meu eterno Namorado

Hoje no mundo capitalista se comemora o Dia dos Namorados, para aquecer o mercado, deixar os casais mais próximos e apaixonados.

Pois aqui entre nós dois, todo dia comemoramos nosso dia, nossa vida, nosso amor! O exercício diário de cumplicidade que nos aproxima e só fortifica esse amor que lá atrás não tinha a aprovação da família e amigos.

O velho ditado de que "Contar as pingas e não contabilizar os tombos é fácil" nos cabe direitinho, né?

Somos seres humanos, com altos e baixos, mas eles só serviram até hoje para solidificar ainda mais nosso amor, as pingas tomamos em festa e os tombos fizeram feridas que com o tempo tentamos curar, uma após a outra com respeito, carinho, dedicação, tolerância, amizade e companheirismo.

Obrigada por fazer parte da minha vida, meu Eterno Namorado!

Te amo, ontem, hoje e sempre!


27 de abr. de 2015

Doce amiga

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 Esta semana perdi uma pessoa muito querida, mãe e esposa dedicada, amiga carinhosa. Esmeralda, Alda, Aldinha, Aldi, abriu mão de si mesma para cuidar da família, sua saúde estava frágil e seu corpo não suportou!



Obrigada querida pelo carinho e pelas longas conversas, pela companhia animada em Athenas, pelas histórias, pela lição que você deixou.
Vai em paz e quem sabe um dia ainda possamos nos reencontrar num lugar muito melhor, fico aqui com a saudade e o lamento de que talvez pudesse ter sido tudo muito diferente, mas Deus sabe o que faz não é mesmo?


           



Podemos viver muitas vidas, mas nada nelas acontece por acaso, se aqui nos encontramos foi por uma razão, um sentimento, um laço e assim vamos tocando o barco da vida e deixando que a maré nos leve para novas experiências!